sábado, 30 de abril de 2011

Convenções para nos tornar convencionais

Conhece as convenções? Pois eu as odeio.
Sabe aquela coisa de que menininho é azul e menininha rosa? Sabe que mulher não pode (ou deveria, pelo menos) falar palavrão? Sabe que toooodos aqueles feriados religiosos ou comerciais deveriam ser passados em família? Sabe que não pode (ou deveria, pelo menos) perguntar a idade de alguém? Ou ligar na casa de outrém antes das 8h e depois das 22h? Sabe que são sempre os homens que pagam o cinema, abrem a porta e tem de ficar comportadinhos por um bom período até que a convenção dos meses em que se demora para adquirir o respeito e a intimidade com a menina se completem?
Isso tudo só serve pra tornar os relacionamentos frios e mecânicos. As atitudes passam sempre pelos filtros das convenções antes de serem efetivadas, o que faz que não sejam espontâneas e isso tira em muito o percentual de veracidade na vontade de fazê-la efetiva.
Além disso, as convenções, muitas vezes, fazem com que você se contente com elas e não com o que realmente queria fazer. Exemplo prático: o ano todo ninguém de determinada família faz questão de se ver; aquela coisa clichê de dizer que só se veem em aniversário ou velório - mas ninguém move uma palha pra mudar (e não é o caso da minha). Aí no Natal estão todos lá, bonitos e sorridentes, tentando se relacionar e contar um ano em, no máximo, três horas - que é o tempo de terminar de cozinhar a ceia e ficar aquele tempinho até a comida assentar.
Não lembro exatamente em que temporada e muito menos o episódio, mas acompanho a série 'How I Met Your Mother' - cujo vício, muito eficientemente, tenho passado pra frente - e numa determinada altura da corrida incessante do personagem principal da série - se é que temos isso ali - em conseguir sua tampa de panela, ele se encontra e começa a se relacionar com uma mulher que ele crê que é a dita cuja. Como todos conhecem, começo de relacionamento é um mar de rosas e ele, apaixonado como estava, queria estar sempre por perto, falando com a moça. Porém, numa intervenção de seus amigos, seus planos foram deixados de lado pela convenção do 'ligar só depois de três dias do primeiro encontro'. Por fim, o capítulo todo transcorre na ansiedade do fim dos três dias por parte do protagonista e então decide que não, não tem de passar por aquilo, que vai ligar a hora que bem entender, porque aquela que o correspondesse à altura ou de forma correspondente, seria the one.
Portanto, nos desprendamos das convenções! Elas só nos atrasam no viver puro, simples, lindo e verdadeiro, que deveria ser posto em prática a todo momento. Através das convenções, mais e mais pessoas sem-graça aparecem, mais e mais casais sem-sal e 'feios' se unem e mais e mais emoções são deixadas de ser sentidas.
Para se relacionar com as pessoas, tanto você quanto elas têm de chegar umas às outras da forma mais fiel possível, a fim de que não seja uma relação infundada e falsa. Se ao se mostrar de forma real as pessoas, ainda assim, se gostarem - e falo assim porque pessoas, num geral, são muito difíceis -, é sinal que foram feitas umas para as outras, no grau que for; são suas tampas de panela.

Um comentário:

  1. Penso exatamente a mesma coisa! Sobre natais sem graça e bem falsos e principalmente por essa história de que o homem tem que pagar tudo pra namorada. O tempo passa e as coisas mudam, poxa :)

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