terça-feira, 29 de junho de 2010

Cidade Vazia.

(Poucos são os que conhecem esse meu texto. Poucas, também, são as vezes que me arrisco a versar.)

Cidade vazia, de tensão e de alegria.
Durante a madrugada, só o silêncio escorria.

Ao nascer do sol, surge o dia,
Quente e úmido como em Dezembro seria.
Neste, o pássaro da árvore pia.
Para ele, amanhã não há novos ano ou dia,
Segue-se sempre o mesmo, noite e dia:
À noite silencia com a cidade,
De manhã, pia para o dia.

Quisera ser sempre essa calma, mesmo que tardia.
O ambulante, trabalhador cansado, bem menos sofreria.
Sossego ele pedia ao chegar em casa, para sua cria.
Entretanto, buscava ela, no pai, a infância que nele se perdia.
Assim como se perde o encanto da cidade, quando vazia.
Se hoje fosse Março, calma já não se via,
E nada de silêncio se escutaria.
Mas, por ser Dezembro, o que se sente é a calmaria.
Muitos desceram em busca da maresia,
Outros voaram para filar a bóia com a famia.

E no céu do último dia
O brilho ensurdecedor era só o que se ouvia.
Buscavam nele aquela alegria
Para o próximo ano daquele dia.
Tinham vigor que explodia,
Para seguir pela via,
Que para a cidade é guia,
Onde, no ano que surgia,
Enfrentá-la-ia longe de ser vazia.

30/12/09 – 03h13

terça-feira, 22 de junho de 2010

Muito bom ver minhas aulas da faculdade postas em prática em acontecimentos diários.
Ao estudar jornalismo você passa a vê-lo com outros olhos. Parece que consegue entender tudo que acontece frente à e por trás da câmera, todo o processo que aquela reportagem teve de passar para que existisse, todos os detalhes daquela entrevista. Não só pode entender a prática, como, também, pode aplicar a teoria cotidianamente no simples fato de assistir a um jornal na televisão, ouvi-lo na radio ou comprá-lo na banca.
Há duas semanas, mais ou menos, durante minha aula de "Ciências da Linguagem" com meu professor favorito, assistimos ao documentário "A Revolução Não Será Televisionada" (Kim Bartley e Donnacha O'Briain, 2003), que se trata de um documentário sobre o golpe de Estado aplicado sobre o governo Chavez na Venezuela em 2002.
O documentário é riquíssimo! Baseando-nos nele, tivemos de identificar a linguagem característica dos aliados de Chavez, de seus oposicionistas e da mídia de ambos os lados. Um dos pontos altos do filme é a batalha travada entre os ditos "chavistas" e a oposição, com transmissão da emissora de tv oposta ao governo de Hugo Chavez. Neste episódio, o foco da câmera somente está sobre os seguidores do líder venezuelano, mostrando-os atirando em determinada direção, fazendo, assim, crer que atacavam a oposição e foram, portanto, os grandes responsáveis pela matança ocorrida neste dia, conhecida como "o massacre de Caracas."
Ao tratar deste acontecimento, os documentaristas conseguiram imagens mostrando que, na direção para onde os chavistas atiravam, não havia NINGUÉM. Ou seja? Na verdade, nada tinham a ver com as mortes. Este esclarecimento, porém, não foi de conhecimento geral, fazendo com que a imagem do povo chavista ficasse manchada.

Este ocorrido em muito me lembrou o que ocorreu no último domingo durante a coletiva de imprensa da Seleção Brasileira de Futebol, onde o técnico Dunga se irritou com um repórter da Rede Globo sem motivo aparente. Desde a primeira vez que vi uma reportagem sobre o assunto notei que não houve, em momento algum, uma câmera, também, posicionada para o repórter, mostrando o que ele fazia no momento dos chingamentos, como havia para Dunga. Era uma coletiva e ele era o "personagem principal"? Sim. Porém, sem saber por que Dunga tanto se irritou com o reporter, não há fundamentos para um posicionamento.
Recebi hoje um e-mail que delatava a razão do acontecido como sendo o fato de Dunga ter-se recusado à exclusividade de entrevista para a Rede Globo de alguns de seus jogadores. No e-mail é dito que, no momento exato da filmagem, o repórter Alex Escobar falava ao celular com Tadeu Schimidt que o informava da oposição do técnico. Provavelmente, aconteceram olhares de reprovação ou algo assim, e Dunga quis entender o porquê.
Com este episódio, lembrei-me do documentário e, para mim, ficou clara, novamente, a manipulação de imagens, falas e idéias feita diariamente por emissoras de televisão - focando-se somente nesta mídia. Há, sempre, muito interesse por trás. Não só na "emissora do 'plin-plin'" mas em várias outras, o que é passado ao espectador é o que se espera que ele absorva, e isto, sempre, vai ao encontro das vontades da emissora.
Ultimamente no micro-blog Twitter, tem-se erguido uma onda de reprovação da Rede Globo e de alguns de seus personagens - o movimento "CALA BOCA GALVÃO" e, mais recentemente, "CALA BOCA TADEU SCHIMIDT" são exemplos. Eu, como estudante e aprendiz das diversas estratégias utilizadas para atrair audiência e manipulá-la, sou a favor deste "boicote" â emissora. Como já dito, a Globo não é a única a usar e abusar destas estratégias, porém, outras emissoras não o fazem de forma tão evidente - ou não tão adversas com a realidade de seu público - como a grande emissora.
É preciso que o telespectador esteja sempre atento ao que vê para que perceba a manipulação e não se deixe levar. Quanto mais longe encontrar-se desta indústria, mais alto falará sua vontade e, caso adverso seu posicionamento quanto à emissora, menor será a audiência (responsável por fazer esse grande ciclo continuar).
O último movimento "anti-manipulação" - por assim dizer - do qual tomei conhecimento foi o "dia sem Globo", no qual Sexta-feira, 25/06, haverá boicote de espectadores da emissora durante o jogo Brasil x Portugal. Apoio a iniciativa e creio que, com ela, serão duas "preocupações" a menos: primeiramente poder assistir ao jogo sem as vuvuzeladas de baboseiras despejadas por Galvão Bueno durante a partida e, em seguida, mostrar sua indignação com o ocorrido de domingo e com a emissora, através da não-audiência. Adira ao Dia Sem-Globo!

O ciclo se fecha com um sentimento de dever cumprido e com a chegada do sono.

sábado, 19 de junho de 2010

Idéias demais pedem palavras demais e palavras têm de tornar-se textos, por mínimos que sejam. Existem frases que tanto me dizem, em determinados momentos... fico com elas por dias em minha cabeça. E, por estarem sempre lá, consigo pô-las em diversas situações cotidianas.

Que é o cotidiano, portanto, se não pura dialética? Conhecimentos, informações, trocas de opinião. Essa pura vivência de trocas de personalisade com outras pessoas. Você sempre passa algo a outra pessoa - por mais vazio ou fútil você considere aquela 'coisa' - e, também, sempre recebe algo como moeda de troca.
Me vi frente a uma necessidade incessante de analisar. ME analisar, TE analisar, NOS analisar. Mudar determinadas atitudes minhas; perceber as melhores pessoas pra ter ao meu lado, entender como elas são, porque o são e como me adaptar a elas; observar tudo que nos rodeia e procurar entender. E é esse o sentido desse (novo) blog: através da análise, tentar entender melhor alguns assuntos dos quais me sinto um tanto quanto leiga. Especialmente aqueles que, tecnicamente, eu, uma menina de 18 anos, não teria necessidade de entender, como política, economia, sociologia e algumas outras 'ias'. Falo sério quando digo que sempre quis entender melhor esses assuntos. Acho maravilhoso conversar com pessoas que têm argumentos sobre assuntos dos mais diversos; que conseguem falar sobre tecnologia e música, sustentabilidade e moda e por aí vai.
Através da minha escrita sempre consegui assimilar tudo de uma forma melhor. Pra estudar, somente escrevendo tudo que li ou que escutei; nos momentos de inferno astral, é nos textos que encontro minha terapia; nas declarações, é com palavras que passo o mais claramente o que sinto. É me baseando nisso que começarei essa nova empreitada.

O nome do Blog, por sua vez, surgiu de maneira improvisada em uma madrugada - horário no qual ocorrerão, essencialmente, os posts, visto a melhor clareza das minhas idéias neste horário. Os azulejos da minha nova casa são de lírios e me apaixonei por eles desde a primeira visita. Já o chá verde é um (dos) grande(s) vício(s) que tenho. Especialmente o com romã ;) hahaha.
Por fim, conto com a compreensão dos seguidores quanto ao plano inicial deste blog: uma tentativa de melhorar meus argumentos em N assuntos. Friza-se: TENTATIVA. Aceito críticas construtivas e suegestões de posts.

O ciclo se fecha com a chegada do horário de sair e o fim de outro devaneio.