quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Olheira da Composição: Episódio III

Por algum motivo que eu não vou saber falar pra vocês porque não fui atrás - dahooora, jornalista! (y) -, as estações estavam surpreendentemente vazias hoje. Em Morato, realizei meu procedimento padrão: procurei alguma porta livre de algum vagão, pra que eu pudesse entrar, sentar e terminar meu "Cantiga de Ninar" tranquilamente. Todo dia eu sento ali no chão, espremida, espremendo minha mochila contra a porta e ocupando o menor espaço possível; COMO meu livro; quando chega em Pirituba, levanto, porque, por algum motivo que eu também não sei, essa é a única estação cuja entrada de passageiros é do lado oposto a todas as outras.
Pois bem, lá estava eu, com sono, espremida e ansiosa pelo livro. Até que gritam:
- Moça, será que você pode levantar? Porque, aqui, tá difícil!
Eu juro que ia causar, só pra desestressar. Mas repensei, e estávamos todos numa mesma merda tão grande ali - amontoados a desconhecidos fedidos e bafentos, no fim de uma semana, com aquela chacoalhação - que preferi simplesmente levantar, sem nem pedir desculpa (afinal, POR QUE, né?).
"Sensível" como sou, achei que aquilo iria acabar com o meu humor. Fiquei bufando, com cara de cocô e parece que o cansaço e o sono, duplicaram. Pra piorar, não apareceu uma paixãozinha sequer naquele espaço onde "costumam ficar". Diria que, quanto a isso, errei em termos, porque a paixão apareceu, mas era mais platônica que todas as outras.

Seu nome: Felipe. O vi descendo a escada rolante da plataforma de desembarque, então deduzo que ele tenha entrado no trem da minha linha, mais especificamente, na estação Lapa. O mocinho estava a caminho do Jabaquara, onde trabalha de representante de vendas para a Tim. Ali está há três anos; passou de atendente de telemarketing para supervisor de setor para atendente de loja para representante de vendas. Foi o emprego que "tava teno" para ele poder bancar o curso de Arquitetura na Faculdade Belas Artes.
Um metro e 75, 60 quilos, cabelos castanhos recém-cortados, lisos e no estilo "joãozinho"; nada muito chocante. O que me fez ficar atônita foi o que reparei quando colei atrás dele na fila de espera da última porta da composição: a barba extremamente bem-feita e o perfume delicioso que exalava. Ele só mantinha uma mini-costeleta bem aparada, com uns três centímetros, no máximo; além de seu cheiro, que era uma mistura de banho e o perfume de algum ex-namorado meu. Sempre são inconfundíveis, né? É.
Felipe mora com a mãe e a irmãzinha num apartamento do quarto andar de um prédio simples, daqueles ao lado da Estação Lapa. A irmãzinha, Cíntia, brinca sozinha de boneca em seu quarto rosa todo dia, depois da escola; ela tem sete anos. A mãe, Cláudia, é secretária num escritório de advocacia, na Sé; namora um dos sócios há três meses e é separada do pai de Cíntia há três anos. Felipe nem imagina isso. Ela tem 42 anos.
Meu muso namora há um ano e meio. Um menino. Sim, está aí o motivo do platonicismo extremo de hoje. Qual mulher nunca se deparou com a situação de encontrar um cara maravilhoso e é só ele parar pra esperar um alguém que... é só ele abrir a boca que... é só ele arrumar o cabelo que... Obviamente, isso não o faz menos lindo. Combinando aquele rostinho limpinho e cheiroso, a camisetinha listrada em vermelho e branco, o shorts em jeans verde escuro cortado por ele mesmo e o tênis cano médio azul escuro, musinho era um colírio aos olhos - apesar da cara de merda - e partiu na primeira composição que parou depois que estávamos ali. Como sempre, no máximo, uns dois minutos.

P.S.: lembrei do sonho maravilhoso que tive essa tarde, vendo, de relance, as cenas do Caio Castro na novela. No meu mundinho, ele me namorava e vejam só, coreografava um balé e o apresentava como prova de amor para mim. Isso por quê? Porque, antes de dormir, o Vídeo Show mostrou 'algumas das maiores provas de amor das novelas' e tinham coisas equivalentes ao meu balé ♥ vou tentar reencontrá-lo. Até amanhã!

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